Aula Magna

O Campus Universitário Darcy Ribeiro da Universidade de Brasília está inserido na região metropolitana de Brasília, ocupando uma grande parcela urbana a leste na denominada Asa Norte da cidade e recebe diariamente uma população de 50 mil pessoas, maior que a maioria dos municípios brasileiros, e da complexidade das atividades finalísticas de ensino, pesquisa e extensão que nele se realizam. A construção da Aula Magna vem resgatar o ideário original proposto pela concepção urbanística de Lucio Costa e arquitetônica de Oscar Niemeyer que ao desenhar e pensar a cidade integrou ao seu desenho a construção da Universidade de Brasília, e cujo desenvolvimento se deu paralelamente ao crescimento e desenvolvimento da cidade. A partir desses elementos urbanísticos é que foi considerada a implantação do novo auditório da Aula Magna, assumindo uma centralidade entre o ICC, a Biblioteca e a Reitoria.

Essa proposta visou constituir um espaço de convergência da coletividade universitária ao abranger atividades cerimoniais, culturais e recreativas – comuns a todos. Tal destinação resgata a proposta dos primórdios da Universidade, ou seja, dotar o Campus de uma Praça Magna que congrega as atividades centrais da vida universitária, intenção presente no risco do Plano Piloto de Lucio Costa e no projeto de Niemeyer, posteriormente complementado pelo Centro de Vivência proposto por Pedro Paulo Saraiva, Luiz.

A implantação da edificação e o desenho do urbanismo nascem juntos, partindo do eixo de simetria do ICC. Cruzando perpendicularmente a alameda de paus-ferros que conecta Reitoria e Biblioteca, este eixo cria um vínculo entre estas edificações e a Aula Magna, organizando ainda os desenhos das calçadas, praças, estacionamentos e jardins. Desta forma se pretende constituir um todo, articulando o existente e o novo.

Identidade daí resultante consente o reconhecimento dos valores comuns, e quando a obra de Arquitetura é esteticamente qualificada, igualmente dos valores pessoais e afetivos. Por meio da consciência da diferença entre o coletivo e o particular e pela necessária reciprocidade desses valores, o comum pertencer será reconhecido e compartilhado. Distinguir o coletivo do privado é o princípio instaurador da cidadania e que dá sentido ao belo, elucida Holderlin: “A identidade na diferença é a essência da beleza”.

O sentido geral que constitui o partido arquitetônico reside na ideia de uma “praça coberta”. O projeto é resolvido basicamente, portanto, na relação entre dois planos: o da cobertura e sob ela, estendendo-se para além de seus limites, o do chão. Optamos por valorizar a cobertura por priorizar os vazios em relação aos cheios. Os grandes vãos de 45m decorrentes das necessidades espaciais do auditório, prolongados pelos balanços de 20m, promove a continuidade entre os espaços internos e externos, intento reiterado pelo recuo dos apoios e pelos pergolados em toda volta. O desenho do chão define o espaço interno da plateia, cujo desnível lança mão do relevo natural do terreno, e o espaço externo da praça, que conecta as saídas norte e sul do ICC.

Com o objetivo de valorizar a relação com a paisagem, com a universidade e com o espaço que consagra a Praça Magna foi proposto que o palco do auditório possuísse, também, uma abertura para a área externa, ou seja, para a Esplanada constituída pelos edifícios da Reitoria e Biblioteca, a fim de proporcionar atividades culturais ao ar livre.